segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Primeiro Zero

Mesmo os bons alunos têm alguns momentos de decepção na escola. Me aconteceu algo no ano de 2004 que nunca mais se repetiu e que eu nunca vou me esquecer. Minha primeira nota zero.
Estava no primeiro ano do ensino médio e fazia parte da fanfarra da escola pelo terceiro ano consecutivo. Passadas as férias de julho, começamos a ensaiar todos os dias até que chegasse o mês de setembro e o horário dos nossos ensaios era durante das duas últimas aulas de cada dia e tínhamos permissão da diretoria para ficar na quadra durante estes horários.
Foi o primeiro ano que eu tive contato com a química e ela não é muito auto-explicativa. Se eu não me engano nesta época minha turma estava estudando sobre reações. No cronograma da minha classe tínhamos duas aulas por semana e as duas eram dadas nas últimas aulas de quarta-feira.
Por causa dos ensaios da fanfarra, eu não assistia a nenhuma aula de química e, mesmo colocando a matéria sempre em ordem, tendo o livro didático e pedindo ajuda dos outros alunos, eu não conseguia entender aquela matéria. Posso garantir que não sei até hoje e agradeço a Deus por isto não ter caído no vestibular.
Uma semana antes das provas daquele bimestre, quando já tinham acabado os ensaios da fanfarra, falei com a professora que eu não estava conseguindo entender a matéria e ela disse que não poderia voltar a matéria inteira por causa de uma só aluna (se eu soubesse que ninguém sabia a matéria, eu teria fortes argumentos contra ela). Então eu tentei quebrar a cabeça pra ver se eu encontrava ao menos alguma coisa de comum nas resoluções dos exercícios que eu copiei, mas sempre ficava algo no ar.
O dia da prova chegou e conseguimos convencer a professora a fazermos a prova em dupla. Isto não ajudou muito, já que ninguém sabia a matéria. Uma amiga pediu pra fazer a prova comigo e eu deixei claro pra ela que eu não sabia a matéria, mas ela não se importou.
No meio da prova, o aluno que estava sentado na minha frente começou a pedir as respostas, mas eu disse que não sabia a matéria. Ele chegou a pensar que eu estava mentindo só pra não passar a resposta, mas ele me perdoou quando saíram os resultados das provas. Minha dupla ficou falando pra que eu colasse durante toda a prova, mas eu disse que não queria e que não iria adiantar.
Quando faltavam quinze minutos para acabar as aulas, vendo a professora que ninguém tinha conseguido terminar a prova, permitiu que consultássemos nossos cadernos.
Mesmo com todos estes benefícios não foi possível tirar uma boa nota. Respondi a todas as questões, tentando seguir uma linha de raciocínio lógico, mas acho que a química não é muito lógica.
E assim eu tirei o meu primeiro e único zero da vida. Fiquei meio sem graça de falar para os meus pais, mas ao contar todo o contexto, eles entenderam. Eles nunca exigiram que eu fosse a melhor aluna da classe nem que eu tirasse as melhores notas, apenas me incentivavam a dar o meu melhor. O que mais me consolou nesta prova foi o fato da nota mais alta da classe ter sido três e, mesmo com a nota ruim da prova, eu tinha boa participação, frequência, fora os pontos por fazer as atividades e fechei o bimestre com uma nota acima da média.

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