segunda-feira, 23 de julho de 2012

Perseguição nipônica

Nome ridículo para uma postagem, né? Mas acho que resume toda a história.
Em 1995, estava fazendo um "teste" em uma escola de Ensino Fundamental. Eu estudava como qualquer aluno normal, precisava apresentar notas, mas devido à minha idade ainda não podia ser matriculada. Explicarei melhor o motivo de tudo isto na próxima postagem.
Mas enfim, lá estava eu na primeira série com cinco anos de idade, convivendo com crianças de seis ou sete anos.
Para que entendam um pouco, eu tenho uma prima japonesa e, na minha concepção de criança de cinco anos, todos os japoneses que existiam eram parentes da minha prima e, consequentemente, meus amigos próximos. Não demorei muito pra entender que não era assim que as coisas funcionavam, mas foi tempo suficiente pra garantir o meu mico naquele ano.
Tinham duas "primeiras séries" naquela escola e tinha uma garota japonesa na outra primeira série. Eu não fazia idéia de quem ela era ou do nome dela. Só sabia que era japonesa, então era parente da minha prima.
Era o primeiro ano que eu realmente me relacionava com crianças "da minha idade" e eu ainda não sabia lidar com a situação. Me sentia como um homem-das-cavernas andando pelas ruas em pleno século XX.
Na tentativa de chamar a atenção da "prima" eu empurava ela e suas amigas quando estavam em fila depois do recreio, acenava pra elas sem motivo algum e tinha outros comportamentos selvagens.
Até que um dia as professoras se uniram em um projeto educativo usando o filme "O Rei Leão" que era lançamento na época. Deveríamos assistir ao filme e fazer resumos, colagens e outras atividades da primeira série com as ilustrações do filme (só pra dizer que fazíamos continhas de somar com o Simba).
A menina japonesa da outra sala havia faltado quando sua classe assistiu ao filme e então assistiu junto com a minha turma. Sem tantas meninas "não-japonesas" em volta dela eu até consegui puxar assunto e descobri que toda perseguição tinha sido em vão. Ela não era parente da minha prima. Nunca sequer ouviu falar dela.
Fiquei desolada naquele dia. Descobri que os japoneses não eram todos da mesma família. O lado bom de tudo é que, depois daquele dia, eu tinha uma amiga. As amigas dela ainda cismavam comigo porque eu as tinha incomodado durante todo o ano, mas às vezes ela saía da rodinha de amigas pra me cumprimentar.

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