quarta-feira, 18 de julho de 2012

O ano de 1998 - parte II

Parece estranho, mas, a partir do momento em que decidi contar histórias da minha vida em um blog, várias outras histórias que eu já tinha me esquecido voltaram à tona. Entre elas, coisas que me aconteceram no ano de 1998. Muitos vão ler o que estou escrevendo e falar que não é nada demais, que a vida realmente é difícil e que estas situações não podem ser consideradas boas histórias, mas eu era uma criança de oito anos de idade, cujas únicas preocupações eram a escola e a vida em família, então estes problemas pareciam ser ainda maiores do que já eram.
Um dia, um de nossos colegas de classe mais bagunceiro, André, ficou de castigo sem ter direito ao recreio e a professora ficou na sala de aula cuidando dele. Eu estudava com a minha prima na época e ficávamos juntas o tempo todo.
Durante o intervalo, minha prima teve a idéia de buscarmos algo que estava na sala de aula e fomos juntas para lá. Por uma ironia do destino, bem na hora que tínhamos entrado, a professora foi até a diretoria para atender a um telefonema e, se aproveitando da ausência dela, o André resolveu sair correndo para o pátio. Isto resultou na maior trombada da minha vida. Voei por aproximadamente dois metros. Meus óculos ficaram pendurados no pescoço e eu fiquei alguns minutos no chão, tentando entender o que estava acontecendo. Se minha prima lembra disto, deve estar rindo da minha cara até hoje.
Numa outra oportunidade, dois meninos da classe resolveram que se odiavam e que tinham que brigar depois da aula (coisas típicas de criança). Fizeram panfletos da possível luta com hora e local escritos à mão e distribuíram para os alunos da classe. Na mesma hora, a fofoqueiras de plantão começaram suas ameaças, outros começaram a agitar pra que a briga acontecesse, mas eu não estava nem aí com nada.
Depois da aula, costumávamos ficar no "montinho" (vide postagem anterior) esperando pela van que nos levava para casa e a tal briga seria bem em frente ao local.
Eu, minha prima e dois amigos estávamos juntos quando a briga começou. Minha amiga começou a gritar: "Porrada, porrada!" e os gritos não foram muito bem recebidos pelos "lutadores". Um deles, por algum motivo que ainda não consigo entender, pegou uma pedra no chão e jogou, na tentativa de acertá-la e, por erros milimétricos de cálculo, a pedra acertou minha cabeça.
Fui tirar satisfação com o garoto e percebi que minha cabeça estava sangrando. Corri para a diretoria, todos os alunos da escola que ainda estavam por lá correram atrás de mim e o pessoal da briga simplesmente sumiu sem deixar rastros.
A inspetora começou a passar álcool na minha cabeça. Eu estava desesperada. Quando as coisas fugiam do meu controle eu costumava travar, passar mal. Toda a escola estava fechando as portas da diretoria pra tentar ver o que tinha acontecido comigo e de longe se escutava minha prima gritando: "Com licença, todo mundo! Eu preciso entrar! Sou prima da vítima!".
No fim das contas, não foi nada. Cheguei em casa minha mãe lavou minha cabeça e me levou ao médico, mas foi apenas um pequeno corte. Disse pra minha irmã caçula que fiquei mais inteligente depois da pancada e ela acreditou. Por sorte não saiu batendo com a cabeça em qualquer lugar. Falando da minha irmã...
No mês de julho, no mesmo ano, estávamos de férias e estávamos na garagem do meu tio eu, minha irmã e minha prima (a prima da vítima).
Sem ter mais idéias de brincadeiras pensamos: "Vamos fazer a Jennifer (minha irmã) voar?". Quem mais poderia ter tamanha idéia e não imaginar que isto não teria um final feliz?
Segurei acima da barriga da minha irmã e minha prima segurou os pés, minha irmã apenas batia as "asas" enquanto dávamos voltas na garagem. Até que minha prima teve a brilhante idéia de "engatar a marcha ré".
Sem saber para onde estávamos indo, minha prima escorregou em uma rampa e soltou minha irmã e o peso todo ficou para mim. Resultado: fomos as duas para o chão.
Saí da garagem sem ter entendido ainda o que tinha acontecido e procurei minha mãe, que parou de costurar e levou suas mãos sobre a boca. Minha tia ficava gritando: "Não foi grande! Não foi grande!", mas eu não entendia o porquê até ver minha irmã chorando com o queixo sangrando e minha prima chorando desesperada. Fomos pra casa e, ao me deparar com o primeiro espelho, percebi que tinha perdido uns 90% do meu dente da frente (que já era permanente).
Começou então a correria entre hospital, dentista e minha mãe agustiada. Suas duas filhas machucadas e todo mundo fazendo um monte de perguntas pra ela para ver se ela não havia nos agredido. Minha prima por sua vez teve que tomar uns dois calmantes, porque se sentia culpada.
Acho que estes foram os acontecimentos de 1998 que mais me marcaram. Se eu me lembrar de outros, compartilho todos em uma próxima postagem.

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