segunda-feira, 23 de julho de 2012

Correria de 1995

Quando eu nasci, em 1990, os médicos diziam que eu teria deficiência física e mental, na qual minha cabeça cresceria além do normal e eu teria dificuldades de aprendizado e não me desenvolveria como uma criança normal. Ao escutar esta "sentença" minha mãe ficou muito triste e procurou nossos pastores para falar do diagnóstico dos médicos e minha pastora disse à minha mãe que fosse tranquila para casa porque eu já estava curada e realmente estava.
Antes do meu primeiro ano de idade eu já resmungava minhas primeiras palavras. Aos três anos eu já sabia ler e minha mãe me passava atividades de leitura, escrita e coordenação motora em casa. 
Contei este fato do meu nascimento para que o milagre que aconteceu comigo ficasse ainda mais visível ao falar um pouco sobre o meu ano de 1995.
Apenas aos cinco anos de idade que minha mãe resolveu me matricular em uma escola de Ensino Infantil, no chamado Jardim II na época, mas eu não conseguia me acostumar com aquilo. A maioria das crianças da sala não sabia ler ou escrever e eu já lia e escrevia em "letra-de-mão". Então eu me transformei na aluna mais encrenqueira da classe. Levava vários bilhetes pra casa. Eu devia ser uma espécie de criança hiperativa que não sabia como "usar isto para o bem".
Eu era uma criança normal. Só sabia decor todos os planetas do sistema solar na ordem (quando Plutão era um planeta) e todos os Estados brasileiros e suas respectivas capitais.
Após falar várias vezes com minha professora, minha mãe resolveu falar com uma professora de primeira série da escola do bairro onde eu morava. Ela disse que, pelo que eu sabia, seria fácil acompanhar a turma.
Fiquei estudando naquela escola com crianças um ou dois anos mais velhas que eu.
Um dia eu resolvi ficar de mal do meu melhor amigo da sala, o Rogério, e a briga foi feia. Ao ponto de eu pegar um lápis-de-cor preto e rabiscar uma página do livro dele. Ele ficou muito triste e eu, depois que percebi o que eu tinha feito, fiquei também. O que aconteceu foi ruim pelo meu mau comportamento, mas foi bom para que eu descobrisse o que estava realmente acontecendo.
Minha professora, ao ver o estrago, disse: "Jéssica, você não pode fazer isto! Sua matrícula ainda não foi aceita devido à sua idade, então você não pode cometer estas faltas!"
Eu não era nada boba e entendi na hora que o minha situação na escola era irregular e logo avisei os meus pais, que foram conversar com a direção. A diretora nos disse que, por eu ainda ter cinco anos, o governo não permitia que eu estudasse com crianças de outra faixa etária a não ser que fosse numa escola particular.
Meus pais se apertaram um pouco e me matricularam em uma escola particular. Fiz diversas provas de primeira série e fui aprovada em todas, mas disseram que eu deveria passar por uma psicóloga para saber quantos anos eu poderia avançar nos estudos.
Após três divertidas sessões com uma psicóloga, ela elaborou um documento que tenho até hoje dizendo que eu teria capacidade para acompanhar até duas séries acima da minha, mas que seria melhor me adiantar apenas um ano para que eu não fosse precosse na adolescência.
Fui matriculada no pré em agosto daquele ano e, a partir daí, sempre fiquei um ano adiantada na escola. Seria um mérito meu? Não. Digo que foi um milagre de Deus na minha vida que reverteu a minha situação.
 

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